Como sempre ouvi falar de Versailles prometi para mim mesmo que dessa vez eu iria, mas paguei a língua mais uma vez: sou um blogueiro que ainda não conhece Versailles. Não sei onde é, como chegar, quanto custa. Não sei se ele é o maior ou o mais bonito de Paris, mas sei uma coisa que pouca gente sabe.

Versailles é uma farsa.

Bem, mais ou menos, mas Versailles não é um projeto original: Versailles foi inspirado em um outro palácio bem pertinho de Paris, um lugar que você pode não conhecer de nome, mas que provavelmente já deve ter visto antes.

Vaux le Vicomte

Vaux le Vicomte em Paris

O palácio da inveja

Versailles foi inspirado em Vaux le Vicomte, um palácio construído entre 1658 e 1661 para um sujeito com muita competência e bom gosto, o jovem Nicolas Fouquet, tesoureiro e braço-direito do cheio de firulas Luiz XIV, que desde cedo dizia que toda a França acontecia ao seu redor; como os planetas que circulam o sol.

Bem, Fouquet comprou o terreno em 1641, quando o lugar ficava no cruzamento entre o nada e lugar algum. Quinze anos depois ele começou a erguer as primeiras pedras, mas sem muita pressa. Quando a mansão começou a ganhar forma os arredores também passaram a ganhar notoriedade: Vaux le Vicomte estava entre o rio Sena e a floresta de Fontainebleau, um caminho real.

Claro que o rei queria brilhar sozinho: ele adorava tudo que era moda, arte e cultura, mas Fouquet era melhor do que ele em absolutamente tudo! Fouquet deu as melhores festas, os melhores jantares e recebeu os melhores convidados. D’artagnam, seu grande amigo, era mais presente em suas festas do que nas festas do rei, seu chefe direto.

Foi durante uma recepção em Vaux le Vicomte que Luiz XIV decidiu dar um basta naquilo: decidiu que iria matá-lo, tomar o seu castelo e ficar com a sua esposa. Simples assim.

Num surto de polidez a Rainha Mãe lembrou o filho de sua eminente falta de bons modos: como prender e matar o anfitrião da festa? Ficou decidido então que Fouquet só cairia no dia seguinte, assim que os convidados deixassem a mansão.

Vaux le Vicomte

Claro que D’artagnam jamais mataria o seu melhor amigo, mas teve que prendê-lo. E foi assim que ele morreu, preso, fraco e longe de tudo que construiu. Depois de conseguir o queria o rei já não precisava do palácio: decidiu devolvê-lo para a viúva que teve que esperar por isso, exilada, por dez longos anos.

Claro que Vaux le Vicomte foi devolvido aos trancos e barrancos: dez anos mal tratado e saqueado, o palácio perdeu a maior parte de suas obras de arte. A senhora Fouquet decidiu vender o castelo depois que seu marido morreu na prisão e seu filho mais velho morreu em seus braços.

O palácio passou por algumas famílias nobres até ser adquirido em um leilão público em 1875. Os descendentes do comprador assumiram o desafio logo depois de sua morte, em 1908. Dos antigos palácios franceses, Vaux le Vicomte é um dos dois únicos que não pertencem ao Estado.

Todo mundo gosta de Vaux le Vicomte. Conhece a atriz Eva Longoria? Foi lá que ela se casou. O atual herdeiro da mansão, quando soube que eu era de Belo Horizonte, disse que uma conterrânea minha não só casou como chegou (e levou todos os seus convidados!) de helicóptero até lá.

Hollywood também adora Vaux le Vicomte: foi lá que prenderam DiCaprio em O Homem da Máscara de Ferro. Já rolaram dois 007s também em seus jardins e quartos, mas eu não sou da época de nenhum deles.

Durante o verão você encontra as pessoas caminhando por lá como nas fotos acima, visita quartos, cozinhas, jardins e um museu com carruagens e veículos de época. O passeio pode durar entre três e oito horas, podendo ou não incluir uma passada pelos quartos privados do primeiro andar, mas para isso você deve pagar um pouco mais.

Rapidinhas do Vaux le Vicomte

√ Entre os meses de maio e outubro o castelo é todo iluminado por mais de duas mil velas acompanhadas de apresentações noturnas de corais, queima de fogos e jantar a céu aberto. A tentativa é recriar a última grande festa de Fouquet, em 1661. Existem outras atrações e apresentações temporárias, acompanhe pelo site.

√ É possível chegar em Vaux le Vicomte de trem, mas a melhor opção é ir de carro: a viagem dura cerca de 45 minutos, são apenas 55 km de distância. Pegue a rodovia A4 ou A6 e siga as placas em direção a Troyes.

√ Trens diretos saem da Gare de Lyon para a estação em Melun em 25 minutos de viagem. Clique aqui para saber os horários do shuttle entre Melun e o castelo.

√ Quer mais uma opção? Pegue uma excursão e faça a dobradinha Vaux le Vicomte e Fontainebleau com a Paris Vision.

E como Versailles entra nessa história?

Uhm, claro, quase me esqueço: e foi assim que Versailles nasceu, uma prova de que Luiz XIV consegue ser maior e mais poderoso, uma forma de reunir toda a monarquia francesa em um só lugar; perto, mas ainda sim longe do povão.

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11 COMMENTS

  1. Boa tarde! Estou indo com amigos no castelo Vicomte, e temos interesse em fazer o tour e posteriormente jantar no Les Charmilles para ver os fogos, minha dúvida é se tem algum meio de transporte para voltarmos para Paris, se o ônibus funciona a noite ou se tem táxi para pegarmos até a estação? Pois achei muito caro o transfer particular. Muito obrigada.

  2. Gostaria de saber se por acaso posso comprar as entradas e jantar lá na hora?
    Ou sou obrigada a comprar pelo site?
    Obrigada por sinal que lugar belo, não conhecia e com certeza entrou para a lista de lugares a conhecer.

  3. Thiago, excelente post, parabéns! Adoro o Vaux le Vicomte e achava uma pena ser tão pouco conhecido de nós, brasileiros.
    A única coisa que discordo é sobre ir de carro ser melhor. Se vc for no final de semana, o trânsito na entrada e saída de Paris é um pesadelo como o de SP… Uma vez, fiquei duas horas só pra entrar na cidade :)
    Uma coisa boa também é pegar o shuttle (ou navette, em francês) e fazer o Vaux le Vicomte e o Blandy les Tours, outro château lindo que fica na mesma linha de shuttle. Desculpa a “palpitação”. É que amo châteaux…Abração :)

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